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PENSE NISSO:

PENSE NISSO:

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Vítima e suspeito recebem atendimento médico no hospital Ruth Cardoso... Filha de ex-prefeito de Apiúna levou 40 facadas de ex-namorado.



    Um homem de 34 anos tentou matar a ex-namorada e depois se matar na noite de domingo em Balneário Camboriú. Mesmo ferida por pelo menos 40 facadas, Rafaela Elis Shulz, 23 anos, foi salva por vizinhos e encaminhada ao hospital. O agressor tentou se matar em seguida, mas também foi socorrido.
    O crime bárbaro ocorreu em um apartamento no Rua 1.400, Centro. De acordo com a polícia, Douglas Waltrick tinha a senha de acesso ao prédio e a chave do apartamento da ex-namorada. Sem dificuldade, ele chegou ao apartamento por volta das 21h.
    Ainda não se sabe como tudo ocorreu, mas uma vizinha ouviu barulhos e chamou um homem que passava pelo corredor para ajudar a jovem. No apartamento, ele encontrou Rafaela trancada no banheiro e toda ensanguentada. Douglas estava sobre a cama da jovem, ele tinha tentado cortar os pulsos e ligado o gás na tentativa de asfixiá-los.
    Ambos foram encaminhados ao hospital Ruth Cardoso. Douglas está estável no pronto-socorro e Rafaela, também estável, permanece na Unidade de Terapia Intensiva da unidade.
    O casal tinha terminado o relacionamento recentemente, segundo a polícia. Um mandado de prisão já foi expedido contra Douglas e ele será levado direto ao presídio quando deixar o hospital.


Fonte:timbonet.com.br - acesso em 06/05/2013




SUSTENTABILIDADE...

O que são materiais ecológicos ou ecoprodutos?

Ecoprodutos são todos artigos de origem artesanal ou industrializada, que sejam não -poluentes, atóxicos, benéficos ao meio ambiente e á saúde dos seres vivos, contribuindo para o desenvolvimento sustentável.

Como saber se o material/tecnologia é sustentável ou menos impactante?
Matéria-prima – é virgem ou reciclada? Como é extraída? É um recurso renovável?
Qual é o processo produtivo? Apresenta baixo consumo de energia? E de água? O processo é poluente? (ar, água, terra, som). Gera que tipo de resíduos?
O produto é poluente?
Sua instalação, manutenção gera resíduos?
Como é a logística de distribuição do produto? Consome muita energia?
E a embalagem? Possui potencial de reciclagem ou de reuso?
Possui algum tipo de certificação ( tipo ISSO 14001) ou SELO?
Os materiais e tecnologias listados abaixo foram especificados nos projetos de arquitetura sustentável do Cria Arquitetura.

Economia de água e energia

Luminárias de LED

aplicação: iluminação
descrição: chip emissor de luz que também é chamado de “SOLID STATE LIGHTING”, conhecido como “LED”
diferencial ambiental: aparelho com duração de 15 anos sem manutenção. Seu raio luminoso é livre de UV e de calor e seu tamanho compacto proporciona maior flexibilidade nos projetos. Uma tecnologia que supera a iluminação convencional, gerando uma economia que varia de 50 a 80 %.
Automação

aplicação: automação residencial
descrição: sistema de quadros sinóticos de automação que garante o completo gerenciamento da instalação elétrica. 
diferencial ambiental: otimiza funcionalidade, conforto, manutenção, flexibilidade de uso, segurança e energia. Sua utilização minimiza o uso de cabeamentos e gera economia na obra.

Torneira e válvula economizadora com sensor de presença

aplicação: ideal para banheiros de uso público
descrição: sensores funcionam em 110v e 220v com baixo consumo de energia elétrica, em alta e baixa pressão de água. 
diferencial ambiental: economia de água, conforto e higiene
Válvula de descarga fluxo duplo

aplicação: válvula de descarga pra banheiros 
descrição: válvula com dispositivo de fluxo duplo (6 litros para sólidos, 3 litros para líquidos). 
diferencial ambiental: Permite controle de fluxo com economia e favorece educação ambiental.
Ecomosaico

aplicação: revestimento de paredes 
descrição:Mosaico feito de material reciclado que utiliza o resíduo eliminado pelas máquinas de corte de marmorarias.
diferencial ambiental: economia e reuso da água na sua produção, gestão de resíduos.

Conforto termo acústico

Vidros

aplicação: vedação, portas, janelas, divisórias. 
descrição: material não-poroso e transparente. 
diferencial ambiental: garante a iluminação natural e pode ser reutilizado várias vezes para a mesma finalidade.
Película opaca para privacidade

aplicação: tratamento de vidros para arquitetura.
descrição: película visa a melhora do desempenho em controle solar, segurança e decoração. 
diferencial ambiental: rejeitam até 79% da energia solar incidente no vidro, melhorando o conforto térmico do ambiente, Bloqueiam também 99% dos raios ultravioleta, minimizando o desbotamento de objetos expostos ao sol.
Tecidos GreenScreen

aplicação: persianas e cortinas para proteção solar. 
descrição: tecido para proteção solar, isento de PVC e COV´s.
diferencial ambiental: reduzem a entrada de calor e evitam a luminosidade excessiva. São mais seguros, pois, em caso de incêndio, não há emissão de fumaça densa nem quantidades mensuráveis de gás ácido hidroclorídrico, que é nocivo ao sistema respiratório.

Forro e Painéis de Ecoplaca

aplicação: forro e vedação 
descrição: Placas planas impermeáveis fabricadas com matérias-primas nobres como Alumínio, Plástico e Papel Cartão. 
diferencial ambiental: com alto poder de isolamento térmico e acústico, as placas são obtidas a partir do reprocessamento de resíduos industriais selecionados, gerados no pré e pós-consumo. Atualmente, suas matérias-primas provêm de inúmeras empresas do setor de embalagens.
Tijolos de solocimento

aplicação: alvenaria estrutural. 
descrição: tijolo composto de solo, cimento e água. 
diferencial ambiental: produzido sem o processo da queima, evita o desmatamento e, conseqüentemente, apoluição do ar. Elimina a quebra de paredes e o desperdício com materiais.
Placas de Cortiça Reciclada

aplicação: revestimento de paredes. 
descrição: esta cortiça é um tecido vegetal composto de 30% de cortiça extraída da casca do sobreiro e 70% reciclada de rolhas. 
diferencial ambiental: material reciclado quando utilizado como revestimento possui um bom desempenho térmico-acústico.

Qualidade interna do ar

Resina ECOPISO

aplicação: revestimento de piso. 
descrição: resina impermeabilizante elaborada com mais de 70% de matérias-primas naturais renováveis, entre elas o óleo de mamona. 
diferencial ambiental: Não libera gases tóxicos durante ou depois de sua aplicação.
Tinta natural

aplicação: pintura de paredes internas e externas 
descrição: revestimento natural cujo principal componente é a terra crua.
diferencial ambiental: A utilização da tinta de terra natural possibilita o uso de recursos do local, economia de materiais e combustíveis, saúde para os habitantes, tecnologia simples e tradicional, dentre outros.
Cola à base de água

aplicação: adesivo de contato 
descrição: produto não fenólico,isento de COVs (compostos orgânicos voláteis)
diferencial ambiental: não agride a camada de ozônio e garante a boa qualidade interna do ar.

Selador verniz e stain a base de água

aplicação: proteção para madeira 
descrição: produto sem odor , isento de COVs (compostos orgânicos voláteis) 
diferencial ambiental: substitui os similares convencionais à base de solventes voláteis, não agride a camada de ozônio e garante a boa qualidade interna do ar.
Tinta Colaza Eco-Paint Clarus

aplicação: pintura de paredes e forros. 
descrição: produto ecológico, biodegradável, aquoso, com alto poder de recobrimento e alta durabilidade. 
diferencial ambiental: sua secagem é rápida e livre de COV´s, portanto, não possui os odores desagradáveis das tintas convencionais e garante a boa qualidade do ar interior.
Chapas de gesso Cleaneo

aplicação: forro 
descrição: chapas com propriedades acústicas e capacidade de melhorar continuamente a qualidade do arnos ambientes em que estão instaladas. 
diferencial ambiental: o forro de chapas Cleaneo transforma partículas nocivas e odores em substâncias inofensivas. Acústico, promove a absorção sonora e contribui para o conforto acústico dos ambientes.

Madeiras

Madeira Taxodium ( taxodium distichum )

aplicação: produção de móveis. 
descrição: árvore originária do canadá, produz madeira leve, com boa trabalhabilidade e resistente ao apodrecimento.
diferencial ambiental: madeira de reflorestamento.
Madeira Teca ( tectona grandis )

aplicação: produção de móveis , esquadrias e pisos de qualidade decoração e construção naval . 
descrição: árvore nativa das florestas tropicais do sudeste asiático 
diferencial ambiental: reflorestamento racional com certificação florestal do FSC, Conselho de Manejo Florestal (Forest Stewardship Council).
Madeira de Demolição

aplicação: produção de móveis, revestimento de piso.
descrição: madeiras nobres de lei, em extinção, provenientes principalmente de elementos de antigas construções, como esquadrias, assoalhos entre outros. 
diferencial ambiental: possibilita o reuso de peças que seriam descartadas, diminuindo a demanda por madeiras novas.
Bambu

aplicação: produção de móveis, construção civil.
descrição: composto basicamente de longas fibras vegetais. É uma planta muito resistente, possível de ser cultivada em solos ruins. 
diferencial ambiental: material altamente renovável que pode substituir o uso da madeira (material e combustível), impedindo o corte indevido de árvores essenciais ao equilíbrio natural.
Conheça exemplos de utilização de madeiras ecologicamente corretas

Madeira Lyptus

aplicação: confecção de móveis, piso para área interna.
descrição: madeira de alta qualidade e grande resistência mecânica produzida em escala comercial. 
diferencial ambiental: madeira totalmente obtida de fontes renováveis, a partir de árvores plantadas, o que assegura um suprimento confiável e ambientalmente sustentável.
Tamburato

aplicação: confecção de móveis. 
descrição: o painel estrutural é composto de duas camadas externas de partículas finas de madeira prensada, e miolo colméia de papel reciclado. 
diferencial ambiental: Com Certificado FSC, o produto é adequado para fabricação de móveis robustos, que exigem espessuras grossas, leveza no peso e excelente desempenho.
Objetos em Madeira de Redescobrimento

aplicação: decoração.
descrição: As irregularidades ou rachaduras constituem a originalidade da peça, devendo-se à escolha de espécies não comerciais nas quais são priorizadas as áreas em que a árvore apresenta desenhos, cores e veios únicos.
diferencial ambiental: A partir do manejo florestal sustentado, em acordo com os princípios ecologicamente corretos, Pedro Petry executa cada peça com resíduos de árvores caídas.

Tecidos e Fibras Sustentáveis

Biofuton

aplicação: decoração. 
descrição: é um produto elaborado com enchimento natural de algodão orgânico e látex revestido com tecidos sustentáveis. 
diferencial ambiental: confeccionado com matérias-primas de caráter renovável o Futon favorece o fluxo de energia corporal e dá uma sustentação especial à sua coluna durante o sono.
Tecido Locomotiva Eco Juta

aplicação: decoração 
descrição: tecido composto de 60% algodão e 40% juta 
diferencial ambiental: desenvolvida a partir da fibra da juta, cujo plantio não utiliza fertilizantes ou defensivos. No descarte, a juta se decompõe em 2 anos enquanto o algodão leva 10, e o poliéster pode chegar a 100 anos.
Sedas artesanais

aplicação: confecção de cortinas, almofadas, revestimento de estofados, etc… 
descrição: tecidos artesanais em fio 100% seda. 
diferencial ambiental: produzidos a partir de casulos refugados da indústria e tingidos naturalmente.
Rolinhos e almofadas em fibra de bananeira

aplicação: decoração 
descrição: produtos desenvolvidos a partir do uso conscientede fibras naturais diferenciadas
diferencial ambiental: produzidos artesanalmente por uma comunidade do Vale do Ribeira expressam a identidade brasileira.

Manta e puff com fibra de bambu

aplicação: decoração. 
descrição: confeccionados manualmente com fios de fibra de bambu e algodão. 
diferencial ambiental: resgata antigas técnicas manuais gerando renda para mais de 100 artesãs.
Toalhas

aplicação: decoração. 
descrição: confeccionada com fio de fibra de bambu.
diferencial ambiental: além de ser uma fonte natural e altamente renovável, as fibras de bambu possuem maciez, conforto, excelente absorção e alta concentração de vitamina B, proteínas e agente biobactericida.
Tapete Broinha

aplicação: decoração.
descrição: tapete confeccionado com a tira da rama, apara de malha descartada pela indústria Têxtil. 
diferencial ambiental: os trabalhos são feitos à mão por um grupo de tecelãs no sul de Minas Gerais , mas proposta de Claudia Araújo é reaproveitar inovando no design, sem perder de vista a utilização e manutenção do produto.

Comércio solidário e consumo consciente

Flores do Cerrado

aplicação: peças de decoração. 
descrição: a Cooperativa Flores do Cerrado coleta folhas caídas (não colhidas) que utilizam como matéria prima para sua obra. A folhagem é esqueletizada (um processo que retira a clorofila) e tingida com pigmentos naturais. Um punhado delas, unidas manualmente, compõe flores que são pregadas a painéis de 30 × 30 cm, tramados com sisal e palha. 
diferencial ambiental: comércio solidário.
Papel Artesanal

aplicação: diversas.
descrição: A Moinho Brasil fabrica papéis artesanais através de técnicas orientais aplicadas em aparas industriais e fibras naturais extraídas de resíduos agrícolas. 
diferencial ambiental: qualidade ambiental: A “Ação Moinho Brasil” orienta pequenos agricultores na escolha da cultura, na produção e utilização de resíduos da agricultura regional, aumentando, assim, a possibilidade de ganho em regiões de baixa renda.
Objetos em Pedra Sabão

aplicação: decoração.
descrição: fazem parte do mix de produtos comercializados pelo Instituto Meio dentro dos conceitos do comércio justo.
diferencial ambiental: o objetivo do Instituto é estreitar o relacionamento entre as comunidades e o comércio atacadista. São, principalmente, produtos artesanais com valor agregado, matéria-prima local e uso de técnicas tradicionais e de baixo impacto ambiental.

Quadros com fotos

aplicação: decoração.
descrição: imagens são retratos da paisagem local e foram emolduradas com madeira de demolição recolhida na reforma da Estação Guanabara e passe-partout de papel artesanal. 
diferencial ambiental: incentivo a artista local e uso dematerial reciclado.
Fonte Cerâmica e objetos

aplicação: decoração. 
descrição: peças em cerâmica. 
diferencial ambiental: com Atelier instalado em Sousas, Nil Rocha desenvolve um trabalho em Cerâmica bastante diversificado. Utiliza sempre materiais minerais naturais e esmaltes de sua própria fabricação.
Objetos de artesanato Ecomercado Avis Rara

aplicação: decoração. 
descrição: produtos feitos com matérias primas naturais e obtidos de maneira sócio-ambientalmente responsáveis. 
diferencial ambiental: procura divulgar a arte étnica de todas as culturas, estimulando a preservação da diversidade dos povos e suas tradições.

Alternativas
Linha Fulget da Braston

aplicação: revestimento. 
descrição: placas cimentícias unem a rusticidade das granilhas à resistência do concreto. diferencial ambiental: ainda que possua cimento em sua composição, o produto é menos impactante, pois é produzido em fôrmas que secam naturalmente, dispensando fornos. Assim, torna-se uma boa opção na substituição das pedras convencionalmente utilizadas na construção civil.
Piso Tecnocimento

aplicação: revestimento piso.
descrição: material cimentício aplicado com uma espessura de 2 mm, sobre o substrato, não necessita de juntas de dilatação e não apresenta nenhum tipo de trinca ou fissura. 
diferencial ambiental: ainda que possua cimento em sua composição o produto é menos impactante pois pode ser aplicado sobre pisos pré-existentes, como cerâmicas, placas de cimento, mármores e pastilhas, evitando assim os resíduos habituais de reformas.

Acessórios em aço inoxidável

aplicação: ferragens.
descrição: o aço inoxidável é, basicamente, uma liga de ferro e cromo que apresenta propriedades físico-químicas superiores aos aços comuns, sendo a alta resistência a oxidação atmosférica as suas principais características. 
diferencial ambiental: ainda que possua alta energia incorporada, o inox é a opção mais sustentável entre os metais para substituir metais cromados, que geram um dos mais perigosos rejeitos conhecidos, ainda sem qualquer possibilidade de reuso.


FONTE
www.superinteressante.com/
FOTOS ILUSTRATIVAS

FONTE
FOTOS ILUSTRATIVAS

FONTE
www.r7.com/
FOTOS ILUSTRATIVAS

Cada um aprende de um jeito...


Professores propõem a alunos de 1ª a 8ª série com deficiência as mesmas atividades planejadas para os demais

A lei é categórica: todas as crianças e jovens de 6 a 14 anos devem estar matriculados na rede regular de ensino, sem exceção. Entre os objetivos que se apresentam, está o de ensinar os conteúdos curriculares de uma forma que permita também aos que têm deficiência mental aprender. Para alcançá-lo, é necessário respeitar o ritmo e os limites de cada aluno e propor as mesmas atividades a toda a turma - incluindo os estudantes que têm deficiências como síndrome de Down, síndrome de Williams e autismo. Algumas estratégias utilizadas pela Escola Viva, em Cotia (SP), e pela EMEF Professor Francisco Weiler, em Morro Reuter (RS), permitem que essas crianças e jovens não freqüentem as aulas apenas como um passatempo ou uma atividade de recreação.
O conceito de inclusão deve estar contemplado no projeto pedagógico da escola. Atividades com esse propósito se encaixam no dia-a-dia dos professores e alunos (veja os quadros desta página e das seguintes) e tendem a dar resultados a longo prazo. Na Escola Viva, por exemplo, todos os alunos com deficiência têm exatamente os mesmos materiais que os demais, garantindo que ninguém se sinta discriminado.
João Gabriel Uemura, 16 anos, é aluno da 8ª série e no começo do ano fez questão de que a mãe comprasse para ele cadernos para todas as disciplinas, mesmo não sabendo ler e escrever de forma convencional. Assim como os colegas, João colou nas capas imagens de seus heróis preferidos. Isso o faz se sentir parte do grupo.
O simples fato de ter o material já ensina. Certa vez, Diogo Mitsuro Nakagawa, 15 anos, aluno da 8ª série, disse a Rossana Ramos, diretora da escola: "Amanhã é sábado e eu vou passear com meu pai". A diretora perguntou como ele sabia que o dia seguinte seria um sábado. Ele respondeu: "Porque hoje teve apostila de Sociologia. Então hoje é sexta-feira". Segundo Rossana, ter um material que estabelece a rotina da escola deu a esse aluno a noção de tempo. "Essa foi a aprendizagem dele naquele momento."

Escrita própria

Outra preocupação constante dos professores é pedir que esses estudantes escrevam, não importa como ou o quê. Na Escola Viva acredita-se que todos podem avançar e cada progresso é percebido e comemorado. Apesar de também ter baixa visão, João usa todos os cadernos e não deixa de registrar uma lição sequer. Quando entrou na escola, há cinco anos, as páginas eram repletas de desenhos e rabiscos. Nesse tempo, ele aprendeu a escrever seu nome, percebeu que a escrita se faz da esquerda para a direita e passou a rabiscar no caderno pautado "minhoquinhas" (a chamada escrita social), que iam do começo ao fim da linha. Hoje, ele reconhece que os textos são compostos de muitas palavras. Por isso, ele dispõe diversas "minhoquinhas" na mesma linha. Para deixar o caderno organizado e bonito, João sempre coloca "título" e "data" nos trabalhos, com canetas de cores diferentes. "No caderno de Matemática, no entanto, ele só usa números", conta Rossana.
A proposta pedagógica leva em conta também as necessidades de adaptação dos alunos com deficiência a pessoas e ambientes novos. É comum essas crianças e jovens, assim que entram na escola regular, não quererem permanecer mais do que cinco minutos dentro da sala de aula, terem comportamentoagressivo ou se refugiarem no isolamento. Quando chegou à adolescência, muitas vezes Davi Nascimento da Silva, hoje com 15 anos, aluno da 8ª série, não queria nem saber de entrar na classe. Não conversava, apenas passeava pelos corredores ou ficava sentado no parque, onde ele se sentia mais à vontade.
Em vez de insistir para que Davi permanecesse em sala, os professores levavam a turma para o parque e lá davam suas aulas. Isso ajudou muito o garoto a se aproximar do grupo. A equipe da escola se orgulha dos progressos do menino. Hoje ele conversa, brinca e joga bola com os colegas, participa de todas as aulas - do lado de dentro da sala - e respeita a rotina e as regras comuns a todos. "Nos dias em que o Davi está mais agitado, deixamos que ele saia um pouquinho da sala. Ele dá um passeio, volta e retoma as atividades", afirma a coordenadora, Daniela Jarandilha.
Na escola Professor Francisco Weiler, o cuidado com o outro faz parte da rotina da garotada. Nas salas em que há estudantes com deficiência, os professores organizam um rodízio para determinar quem vai auxiliar o colega a cada dia.
E essa mãozinha não se limita às tarefas de classe. O ajudante da vez acompanha o amigo na hora da merenda, escolhe um livro e conta a história para ele ou o ajuda a ir ao banheiro. "Eles se sentem importantes com essa atribuição e é esse sentimento que queremos despertar", afirma a diretora, Dayse Eckhard Ondan.

A participação da família

A aprendizagem sobre a importância da inclusão chega até os pais. "Eles aprovam a experiência diária dos filhos. Muitos contam que as crianças se tornam mais cooperativas", constata Dayse. A mudança de atitude é fruto de muita conversa e da parceria com as famílias. No início das aulas, os pais participam de uma reunião em que a equipe pedagógica explica os procedimentos da inclusão e qual o papel da garotada nessa área. Ao longo do ano, também assistem a quatro seminários, em que podem tirar dúvidas e sugerir temas de discussão.
Todas essas diretrizes fazem das duas escolas espaços abertos às diferenças. Nelas, as crianças com deficiência ganham muito, pois são estimuladas constantemente a avançar e as demais aprendem a respeitar os colegas. Os pais, que estudaram em escolas onde a convivência com as diferenças não fazia parte da proposta, têm a oportunidade de aprender junto com os filhos um comportamento solidário e cidadão.

Cor no material

Cada um Aprende de um Jeito
Crianças e jovens com deficiência mental geralmente têm dificuldade de se concentrar por muito tempo. Para prender a atenção delas, são recomendadas atividades dinâmicas e que envolvam muitas cores. Leila Splendore, coordenadora de Matemática da Escola Viva, tem uma estratégia simples: usar gizes coloridos ao escrever no quadro e dar lápis de cor e canetinhas para os alunos fazerem seus registros nos cadernos. Ela também cria jogos com tabuleiros bem coloridos em que utiliza elementos do cotidiano da turma: números de duas casas, que podem ser relacionados à idade dos alunos, e papéis representando cédulas de real.

 

Trabalho em grupo

Cada um Aprende de um Jeito
A criança com deficiência mental deve ser solicitada a participar de todos os projetos junto com a turma. Na escola Professor Francisco Weiler, a professora da 2ª série Jóice Mallmann organiza as crianças sempre em grupos, para estimular a colaboração entre todos e integrar Bianca Amado Farias (à esquerda), 8 anos. Na hora de produzir um jornal sobre Morro Reuter, o município gaúcho onde mora, ela ajudou a escrever os textos e também a fazer as ilustrações, tudo com muito capricho.

Portfólio exibe os avanços

Fazer um portfólio com as produções da garotada durante sua permanência na escola é fundamental para ajudar a acompanhar o progresso de cada um e planejar novas intervenções. No caso das crianças com deficiência mental, esse recurso mostra que elas também avançam - o que é animador para seus professores. Em 2003, Diogo, aluno da 8a série da Escola Viva, escrevia uma letra em cada página do caderno. Agora, ele já assina o nome, usa números e escreve algumas palavras com várias letras.

Hora do faz-de-conta

Cada um Aprende de um Jeito
A professora Jóice sempre sugere às crianças inventar as próprias brincadeiras. Nada está pronto: elas têm de usar, por exemplo, almofadas, bexigas, fantasias, tecidos e papéis.
No início de 2005, quando entrou na escola, Bianca (à direita) apenas observava essas atividades. Com a insistência dos coleguinhas, ela hoje participa, sorridente, e escolhe as roupas que quer vestir. Brinca de princesa e, ao final, senta em roda com os colegas e a professora para contar o que fez. A garota já participa da fantasia dos amigos e ensaia as próprias.

Os cinco sentidos

Cada um Aprende de um Jeito
Utilizar materiais com diferentes texturas, estimular o olfato dos alunos e fazê-los aguçar os ouvidos são estratégias valiosas. Para divertir a turma do 1º ano do Ensino Fundamental e prender a atenção de Clayton Deutschle (segurando o livro), 10 anos, a professora Juliana Zimmer, da escola Professor Francisco Weiler, inicia as aulas com dança e canto. Na hora da leitura, ela pede que as crianças façam gestos e produzam sons relacionados ao enredo.

Atividade manual

Cada um Aprende de um Jeito
Quando um aluno termina a atividade antes dos colegas, pode começar a tumultuar a aula ou tirar a concentração dos demais. A criança com deficiência mental não é diferente. Ela muitas vezes perde o interesse pelas tarefas. Por isso, é importante sempre deixar na sala materiais de artes para que todos possam colar, pintar, desenhar, moldar ou bordar no tempo livre.
Essas atividades ajudam também a melhorar a concentração dos alunos com deficiência. No contato com a arte, Valentina Chaluleu, 15 anos, aluna da 7ª série da Escola Viva, aprimora a concentração e demonstra interesse pelas tarefas.
Meire Cavalcante
Fonte: revistaescola.abril.com.br

Abolição da Escravatura no Brasil.


O negro era um elemento caro e seu preço foi intlacionado, principalmente depois que a Inglaterra se arvorou em defensora da raça maltratada, passando a perseguir os navios negreiros. Os riscos tornaram-se, então, maiores, com prejuízo algumas vezes total. quando o navio negreiro era pilhado em alto-mar e o carregamento perdido quer pelo aprisionamento da embarcação, quer pelo extermínio total da carga. Nos primeiros tempos, de uma forma generalizada, o valor médio de um escravo oscilava entre 20 e 30 libras esterlinas, havendo momentos excepcionais em que este preço atingia a 100 libras.
O livro de contas do Engenho Sergipe do Conde fornece valiosas informações sobre o preço do escravo nos primeiros anos do século XVII. De acordo com as compras ali anotadas, um escravo custava, em 1622. 29 mil-réis; em 1630, 30 mil-réis; 42 mil-réis, em 1635; e 55 mil-réis em 1652.
Existem inúmeros dados relativos aos preços de escravos no século XIX, mas, como variam muito, é difícil determinar-se uma média real. Entretanto, estabeleceu Mircea Buescu um quadro estatístico em que se anota que o preço de um escravo era de 375 mil-réis, enquanto uma escrava custava, no mesmo ano e nas mesmas condições de saúde e idade, 359 milréis. Vinte anos depois, isto é, em 1855, um escravo custava 1.075 milréis, enquanto uma escrava atingia a importância de 857 mil-réis; em 1875 chegava-se "ao preço de 1.256 milréis para o homem e 1.106 para a mulher. Entre 1835 e 1875 o preço médio dos escravos cresceu 235%.
Abolição da Escravatura no Brasil
Os negros escravos foram os principais - e às vezes únicos trabalhadores nas lavouras de açúcar, café e algodão, e na pavimentação de ruas, no Rio de Janeiro.
Mesmo dentro da precariedade da exatidão dos dados, anotada pelo próprio autor, esses preços não são desprovidos de coerência. A inflação apresentou-se em grau bastante baixo num período de dez anos - com exceção do período de 1845 a 1855, época definitiva para a abolição do tráfico, que provocou um aumento violento do preço de um escravo.
Na roça um escravo de 60 a 65 anos valia metade de um entre 40 e 50 anos e a quarta parte de um de 25 a 30 anos; as crianças tinham a partir de 9 ou 10 anos, preços iguais aos dos adultos; menores de 9 anos, o preço de um escravo subia de 20 a 50 mil-réis por ano de idade.
Antes de 1850 a elevação dos preços foi efeito da procura, enquanto que a partir deste ano a causa principal da baixa do preço foi a oferta, tendo em vista as leis abolicionistas que paulatinamente iam substituindo o escravo pelo trabalhador livre.
Embora os negros se adaptassem mais do que os indígenas ao trabalho agrícola, a que já estavam acostumados, o tempo de vida de um escravo negro, depois de chegado ao Brasil, variava entre sete e dez anos.
Abolição da Escravatura no Brasil
Aos escravos cabiam todos os serviços das plantações, desde a derrubada das matas, a queima dos troncos e a limpeza do terreno, até o plantio, a colheita e o preparo do produto para a venda. A abertura de caminhos e a construção da casa-grandeeda senzala eram também tarefas dos escravos.
Os escravos faziam todos os serviços: serviam o senhor de engenho, derrubavam as matas. queimavam os troncos, limpavam o terreno, vigiavam o crescimento das mudas e molhavam os partidos. Cabia-Ihes ainda evitar que o gado pisasse nos canaviais e que as pragas atacassem as plantações, cortar a cana a golpes de foice, levá-Ia em feixes para as moendas. que em muitos casos eram movidas por eles próprios.
Além disso, eram responsáveis pela abertura dos caminhos que ligavam os engenhos aos portos e pelo transporte das caixas de açúcar destina das à exportação.
E tanto a casa grande - moradia do senhor e sua família como a capela, as instalações da moenda, a construção dos depósitos e até a da própria senzala - moradia dos escravos -, tudo era feito pelo trabalho cativo. Finalmente, alguns eram ainda utilizados no trabalho doméstico e mesmo na amamentação e criação do filho do senhor, como era o caso das chamadas mães-pretas.
A senzala era constituída por uma série de barracões, pequenos e abafados, com uma só porta e sem janelas. tendo apenas pequenos respiradouros.
Frequentemente as senzalas eram construídas semi-enterradas no solo, com o chão de terra batida, que servia de lugar de sono e repouso. A alimentação, a mais racionada possível. compunha-se de feijão. farinha de mandioca e um naco de carne-seca.
Nas fazendas de açúcar o dia era longo. Os negros levantavam-se ao amanhecer e, após receber uma ração de alimento, seguiam para o trabalho, onde permaneciam até o pôrdo-sol, com pequenos intervalos para refeições.
Os erros e a preguiça eram castigados das formas mais diversas e brutais, indo da palmatória às chicotadas. que deixavam as costas e nádegas em carne viva, colocando-se nas feridas montes de sal para que a dor se prolongasse por dias e o castigo jamais fosse esquecido. Além desses castigos havia outros. ainda mais rigorosos, em que se utilizavam aparelhos de tortura.
Era costume marcar-se o escravo à semelhança do que fazia com o gado. Já ao sair da África. ele recebia a marca de uma cruz no peito para indicar sua condição de novo cristão. Alguns, chegados ao Brasil, recebiam ainda a marca do senhor, enquanto no corpo dos negros fujões costumava-se imprimir um F, indicação de sua fuga e captura.
O senhor tinha total direito sobre seus cativos, mas alguns escravos não conseguiam sujeitar-se a tal situação e fugiam, e, como desconhecessem a região para onde haviam sido levados. em pouco tempo encontravam dificuldades em esconder-se. sendo logo aprisionados pelos capitàes-do-mato.
Outro inimigo dos negros eram os feitores, capatazes que, de forma geral eram mdes e cruéis na execução dos castigos.
Antonil afirmava que os escravos dos engenhos costumavam receber apenas três rês: pão. pano e pau, ou seja, alimentação, vestuário e castigo.
Nos primeiros dias do século XVII cerca de 30 ou 40 escravos, fugidos dos engenhos de Pernambuco, chegaram à serra da Barriga. bem no interior do atual Estado de Alagoas. Região de solo fértil e vegetação abundante, com extensos palmeirais. seus novos habitantes, por isso, chamavam-na Palmares.
As fazendas eram constantemente vigiadas pelo feitor, o que dificultava mas já não impedia que os negros, escapassem e penetrassem nas matas; os capitães-do-mato organizavam então expedições de caça aos negros fujões. Estes, aprisionados, eram levados de volta à fazenda para, além das costumeiras vergastadas, serem marcados como fujões e ainda receberem ao pescoço uma canga.
Durante um ano, de 1602 a 1603, duas entradas, ambas chefiadas por Bartolo meu Bezerra, empenharam-se na perseguição dos negros foragidos, mas sem sucesso. Aos poucos, centenas e centenas de negros fugidos foram formando núcleos que proliferaram por todo o Nordeste.
A população de Palmares, a princípio, era composta apenas por escravos do sexo masculino, que se alimentavam das frutas encontradas na região - jaca, laranja, melancia, banana, ananás, manga, goiaba, coco, além de algumas raízes - e de alguma carne, conseguida através das caças que caíam em suas armadilhas e alçapões.
Abolição da Escravatura no Brasil
Com o correr do tempo, uma pequena aldeia começou a nascer. Ergueram-se cercas para a criação de animais, lavraram-se os campos adjacentes, iniciando-se a cultura de milho, feijão e mandioca, que passaram a constituir a base de sua alimentação, enriquecida de ovos e de carne de porco.
Com o crescimento da aldeia, que começou a receber mulheres conseguidas nos assaltos contra as vilas próximas, a notícia de que havia uma região em que os negros viviam livremente percorreu as fazendas. E Palmares transformou-se em sonho dos escravos, a meta a ser a1cançada, uma verdadeira obsessão.
Conseqüentemente a vigilância nos engenhos foi reforçada, os castigos dos negros capturados tornaram-se mais severos, mas a expectativa de uma vida livre recompensava todos esses possíveis sacrifícios.
A invasão holandesa em Pernambuco foi um fator primordial da expansão e do fortalecimento dos quilombos. Preocupados na defesa da província, os senhores de engenho descuidaram-se da vigilância das fazendas e os escravos passaram a fugir às centenas. fazendo com que Pai mares se tornasse não mais um núcleo de negros fugitivos, mas um verdadeiro estado negro dentro da colônia portuguesa.
O segundo Marquês de Lavradio, vice-rei do Brasil de 1769 a 1779, transferiu para o Valongo, atual Rua Camerino,o mercado de negros que até então se localizava na Rua Direita, hoje Primeiro de Março, no Rio de Janeiro.
Do ponto de vista político-social, Palmares parecia um lugar desorga nizado e confuso. Ali, em um total de quase 20.000 negros, reuniam-se grupos oriundos das diversas regiões da África - com diferentes costumes e dialetos - a grupos nascidos no Brasil e já marcados pela cultura dos brancos. Ao lado desses negros, embora em número bem restrito, moravam ainda índios ex-escravos, mestiços e até alguns brancos.
Abolição da Escravatura no Brasil
Os quilombolas de Pai mares estavam organizados em dezenas de mocambos, isto é, aldeias distanciadas umas das outras, com .vida quase independente e com chefes próprios. A princípio, estes chefes haviam pertencido à nobreza na África; aos poucos, porém, e por força das circunstâncias, os mais fortes, os mais capazes, foram-se impondo e assumindo a liderança.
Embora cada mocambo tivesse sua própria organização dois fatores os uniam: o código de justiça, embora bem primitivo, que punia com a morte o crime, o roubo e a fuga; e o sistema de defesa com base em postos de observação espalhados em lugares estratégicos da região.
Em seus tempos áureos, Palmares chegou a estender-se por mais de 60 léguas, em vasta zona de florestas, numa faixa de terra paralela ao litoral que ia do cabo de Santo Agostinho às margens do rio São Francisco. Era uma região de florestas e banhada por inúmeros rios, porém de difícil acesso, o que facilitou a sua defesa até o fim do século XVII.
Abolição da Escravatura no Brasil
Os erros, a preguiça ou a desobediência eram punidos das mais diversas maneiras, desde a palmatória e o chicote até os castigos mais violentos,dados publicamente para servirem de exemplos.
Seus principais líderes foram Ganga Zuma e Ganga Zona, chefes de mocambos mais importantes que se destacaram na defesa contra as primeiras expedições luso-espanholas e mais tarde holandesas, e ao que parece tios daquele que chegou a ser o maior chefe dos Palmares, misto de guerreiro, rei e deus, que se tornaria um mito para muitos mas que para alguns autores era um título referente a um cargo ocupado no correr dos tempos por diversos e não apenas por um guerreiro Zâmbi ou Zumbi. As primeiras expedições organizadas contra Palmares datam de 1644 e foram enviadas pelos holandeses, já então senhores da região.
Estes, entretanto, viram-se rechaçados pelos quilombolas, sendo que apenas pela escassez e pela deficiência das armas usadas pelos negros puderam os holandeses livrar-se de um massacre total.
Também os portugueses se preocuparam em combater os palmarinos, e de 1648 a 1688 foram realizadas 25 infrutíferas expedições, destinadas a destruir aquele reduto. Enquanto isso, Palmares crescia numericamente, chegando a manter comércio com as Vilas de Sirinhaém, Penedo, Porto Calvo e Alagoas.
O qui lombo fornecia produtos agrícolas, caça, pesca e cerâmica, em troca de ferramentas, instrumentos agrícolas e armamento. Os fazendeiros vizinhos, porém, não podiam permitir que o quilombo - a princípio apenas com a sua mera existência e depois pelo envio de emissários aos engenhos - continuasse a estimular a fuga dos negros. Aos poucos, de simples reduto de escravos foragidos, Palmares tornou-se um centro de resistência contra a escravatura, em pleno século XVII.
Os instrumentos usados na punição dos escravos eram não apenas para supliciá-Ios, mas também para causar-lhes humilhação.
Em Palmares - que, dois séculos depois, seria glorificada por Castro Alves nos versos de Saudações a Palmares - os negros eram considerados homens livres, desde que satisfizessem certas exigências. Se o escravo viesse foragido, era imediatamente considerado homem livre, podendo escolher o mocambo em que desejava viver; se chegasse, porém, raptado pelos homens do quilombo, continuaria escravo da comunidade até que se conseguisse mais habitantes para o quilombo.
Após a Insurreição Pernambucana, embora os holandeses tivessem sido expulsos, o governo de Pernambuco não contava ainda com recursos suficientes para dar combate aos quilombos, e os próprios fazendeiros de Alagoas (atual Cidade de Marechal Deodoro) e Porto Calvo assinaram um tratado de União Perpétua tentando organizar uma tropa para atacar Palmares. Logo depois, obtiveram a adesão de mais uma vila - Sirinhaém -, sem nada conseguir de positivo. Em 1669 o governador de Pernambuco, Bernardo de Miranda Henriques, determinou, com o objetivo de pôr fim à fama do quilombo, que todo negro recapturado fosse vendido para outras capitanias no Sul do país.
A primeira vitória contra os quilombos foi conseguida pelo Tenente Antônio Jacomé Bezerra, que - chefiando uma expedição enviada em 1617 pelo governador de Pernambuco, Fernão Sousa Coutinho - conseguiu prender 200 palmarinos. No ano seguinte, à frente de 600 homens bem armados e abastecidos para seis meses, o já então Coronel Jacomé Bezerra voltou a atacar, conseguindo destruir vários mocambos e incendiar lavouras. Apesar de vencidos, os negros não se amedrontaram, e, num contra-ataque, dizimaram parte da Ci! tropa de Bezerra, que foi obrigado a voltar.
Outras expedições foram organizadas, entre as preparadas e chefia das por Fernão Carrilho, que obteve consideráveis vitórias, embora, não tivesse conseguido exterminar os quilombolas. Apesar de já estarem menos poderosos, os negros continuaram a fazer frente aos ataques inimigos.
Em 1687, o novo governador, João da Cunha Souto Maior, por sugestão do Conselho Ultramarino, resolveu a exemplo do que ocorrera na luta contra os indígenas na Bahia - recorrer ao bandeirante Domingos Jorge Velho para dar fim à confederação dos negros. Foi com ele firmado então um contrato regular, ratificado pelo Governador Marquês de Montebelo em 1691 e mais tarde por D. Pedro 11 (de Portugal). O governo entraria com toda a munição, armas e 600 alqueires de farinha em cada dois meses que durasse a campanha, e em troca Jorge Velho receberia um quinto' do valor dos negros apreendidos, terras e o perdão para possíveis crimes cometidos por seus homens.
A tarefa era tão difícil que só no governo de Caetano de MeIo e Castro, em 1693, Domingos Jorge Ve ho marchou contra os Palmares.
A primeira investida não surtiu o resultado esperado: os homens de Jorge Velho esperavam uma caçada e encontraram luta, guerra dura. Tendo atacado o mocambo do Macaco, sofreram a resistência de Zâmbi, que impôs aos atacantes grandes perdas. Morreram neste combate cerca 800 homens de ambas as partes. Jorge Velho retirou-se para Porto Calvo, sugerindo ao governador que se formasse um grande exército. Chefiados pelo Capitão-Mor Bernardo Vieira de MeIo e pelo Sargento-Mor Sebastião Dias, 6.000 homens, entre forças regulares e voluntários, reuniram-se aos paulistas de Domingos Jorge Velho, marchando contra Palmares.
Para dar combate à Cerca do Macaco, onde se concentravam os negros de Zâmbi, Jorge Velho mandou construir um grande cercado de 600 metros de comprimento, e, defendidos os dois lados por paliçadas, desenrolou-se a batalha. A luta foi difícil, todos os tipos de armas foram utilizados, e até água fervente foi usada pelas mulheres palmarinas na defesa do mocambo atacado.
Os ataques de 23 a 29 de janeiro de 1694 ao reduto negro mostraram a necessidade de ser usada a artilharia requisitada então do Recife. Aos poucos, os negros foram cercados,ficando sem contato com o exterior, tendo às costas um enorme precipício. Jorge Velho pensava vencê-los pela fome e sede. Finalmente, a 6 de fevereiro de 1694, os tiros de canhões abriram brechas na cerca do mocambo e os soldados invadiram a praça, obrigando os negros a tentar escapar por uma única saí da junto ao precipício. Mesmo ferido, Zâmbi conseguiu fugir e só foi aprisionado quase dois anos depois, quando um negro, preso no caminho de Recife, em troca da vida, ofereceu-se para indicar o lugar onde o líder se encontrava em companhia de 20 homens. No dia 20 de novembro de 1695, André Furtado de Mendonça cortou a cabeça do valente guerreiro negro, levando-a para Recife.
Em Palmares os negros eram homens livres. A população do quilombo garantia sua subsistência, no princípio, com as frutas da região e com a caça abatida ou presa em suas armadilhas.
Pelos serviços prestados ao governo, Domingos Jorge Velho recebeu 1.526 quilômetros quadrados de terra. Para impedir a restauração do quilombo, foram distribuídas sesmarias aos que combateram os quilombolas, fundando-se ainda diversas povoações.
Embora tenha sido o mais importante, o quilombo dos Palmares não era o único. No século XVIII formaram-se quilombos no Maranhão, na região das Minas Gerais - às margens do rio das Mortes e na zona de Araxá. Expedições oficialmente organizadas destruíram-nos todos. Nos últimos tempos da escravidão surgiu um outro quilombo, de relativa importância na região paulista o quilombo de Jabaquara.
Um dos aspectos mais interessantes e quase ignorados da história da escravidão no Brasil é o das organizações secretas e religiosas da escravaria, com poderosa atuação em certos movimentos insurrecionais do fim do século XIX. Essa participação deveu-se principalmente aos negros sudaneses, entre eles os famosos malês ou negros auçás muçulmanos. Entre as rebeliões que eclodiram na Bahia, cabe citar a chamada Revolta dos Malês que, em 1835, irrompeu na Cidade do Salvador, quando era presidente da Bahia Francisco de Sousa Martins.
A insurreição - que, entre outros motivos, teve o da prática exclusiva do catolicismo na região - foi logo sufocada pelo Chefe de Polícia Francisco Gonçalves Martins, na noite de 24 de janeiro, sofrendo as forças legais uma baixa de oito mortos e 14 feridos, e os negros mais de 50 mortos, um número maior de feridos e 45 prisioneiros. Estas conspirações baianas tiveram repercussão em outras regiões, inclusive na Província do Rio de Janeiro, onde, no Município de Vassouras, no Distrito de Pati de Alferes, a 13 de novembro de 1838, estourou uma rebelião de negros. Foram cerca de 300 escravos, da Fazenda Freguesia, de propriedade do Capitão-Mor Manuel Francisco Xavier, os quais, chefiados por Manuel Congo, assassinaram os feitores, seguindo para outra fazenda, Maravilha, também de Manuel Francisco, a qual foi saqueada e arrasada. Sem que fossem molestados, dirigiram-se para as matas de Santa Catarina, onde se refugiaram num quilombo, aclamando Manuel Congo e sua companheira Maria Crioula como rei e rainha.
O número de negros que povoavam aqueles sítios era bem superior ao de proprietários. Estes, temerosos de que a rebelião se espalhasse, não reagiram. Isto fez com que os negros se tornassem audaciosos, a ponto de obrigarem as autoridades a combatêlos. A primeira expedição que tentou desalojá-Ios foi enfrentada com valentia. Diante desta derrota, o governo regional teve que se impor, enviando para Vassouras um destacamento de tropas regulares, a qual, a II de dezembro de 1838, derrotou os revoltosos, aprisionando o cabeça do movimento. O processo da rebeldia durou mais de oito meses, e Manuel Congo foi condenado à morte, tendo sido enforcado a 6 de setembro de 1839, enquanto seus ajudantes imediatos foram condenados a 650 açoites e ao porte de uma gargalheira com haste por três anos. Causou surpresa geral a absolvição de Maria Crioula, a bela rainha negra.
Apesar da vigilância severa dos feitores, muitos escravos fugiam das fazendas e eram então perseguidos pelos capitães-do mato, ou capitães do-campo, homens que, em busca de recompensariam à procura dos escravos foragidos.
Os documentos deste processo revelaram a existência de uma grande sociedade secreta de escravos, dividida em círculos de diversas categorias, cada um com cinco membros, cujo chefe recebia ordens do de categoria imediatamente superior, e assim sucessivamente, até o chefe principal. Ao que parece, estes negros, como os rebeldes da Bahia, eram melês, isto é, sectários do Islão. A sociedade era de caráter místico, tendo a proteção da imagem de Santo Antônio, a quem chamavamão de EI-Banda. Os chefes inferiores chamavam-se Tates-Corongos. Esta organização secreta trabalhava de tal maneira que, segundo parece, seu chefe supremo nunca foi descoberto. .!
Tudo indicava, ainda, que a insurreição negra de 1838 devesse alertar os fazendeiros de Vassouras, o que realmente não ocorreu. Nove anos mais tarde, uma nova sublevação foi preparada, segundo consta, pela mesma organização secreta e chefiada por Estêvão Pimenta. A revolta deveria eclodir no dia 24 de junho de 1847, mas, descoberta a tempo, foi sufocada. A raça negra encontrou ainda outras formas para lutar contra a escravidão. Nos campos, nas cidades, sob o chicote do feitor ou subme tidos aos caprichos dos senhores, rebelavam se contra a sua triste situação.
Estavam sós, nenhuma voz se levantava a favor deles. Ainda sob o impacto da chegada à nova terra, procuravam o suicídio. Outras vezes a saudade da pátria servia para matá-los. O banzo, a nostalgia do africano, durante os primeiros tempos, foi o culpado da dizimação de fazendas e distritos inteiros. Os que sobravam recorriam ao envenenamento ou, os mais audazes, à fuga para as matas, onde, desconhecendo os caminhos e os meios de subsistência, acabavam morrendo.
Para fazer frente ao suicídio ou à fuga dos escravos, tiveram os senhores de lançar mão de expedientes cada vez mais severos de vigilância e escarmento.
Iniciava-se então a luta feroz, entre o escravo negro e o senhor branco.
O escravo só podia escolher entre dois caminhos: viver na submissão e resignação, ou fugir em busca de vida melhor.
Mais tarde, já no século XIX, começou a nova fase na história dos escravos - a da abolição.
Surgiram então os clubes abolicionistas, os jornais que em suas páginas pregavam por liberdade, os partidos abolicionistas, os intelectuais, os políticos, os poetas, que como Castro Alves clamavam por justiça e por resgate, em versos como:
Lá na última senzala
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão, Entoa o escravo seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto Saudades do seu torrão...
Ou então:
Cai, orvaltto de sangue
do escravo,
Cai, orvalho, na face do algoz. Cresce, cresce, seara vermelha, Cresce, cresce, vingança feroz.
Em O Navio Negreiro colocou o poeta toda a sua alma, toda a sua sensibilidade em favor do escravo, quando vociferou:
E existe um povo que a bandeira
empresta,
Pra cobrir tanta infâmia e cobar
dia...
Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra,
E as promessas divinas da esperança. ..
Tu, que da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de morta
lha!...
Andrada! arranca este pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Fonte: www.vivabrazil.com

Dois conceitos históricos são entendidos por abolição da escravatura: o conjunto de manobras sociais empreendidas entre o período de 1870 a 1888 em prol da libertação dos escravos e a própria promulgação da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, que promove a oficialização da abolição do regime.

Os movimentos pela abolição da escravatura são iniciados a partir de alguns eventos ocorridos: a cessação do tráfico negreiro da África, em 1850; a volta vitoriosa de negros da Guerra do Paraguai, que se estendeu de 1865 a 1870, a promulgação da Lei do Ventre Livre; a criação da Sociedade Brasileira contra a Escravidão (tendo José do Patrocínio e Joaquim Nabuco como fundadores); a Lei Saraiva-Cotegipe (mais popularmente conhecida como a Lei dos Sexagenários).

As mudanças ocorridas afetavam diretamente a economia de produção neste período do Brasil. Os negros chegaram a participar da luta anti-escravista e, muitos deles, perseguidos por seus atos insurrecionais ou mesmo fugindo do jugo escravista, reuniam-se em povoados como os quilombos (Quilombo dos Palmares, Quilombo de Jabaquara).
Abolição da Escravatura no Brasil
A resistência dos negros ao trabalho servil foi um dos fatores que levaram à abolição da escravatura.
Após as medidas oficiais anti-escravistas determinadas pela Lei Áurea, os senhores escravistas, insatisfeitos com a nova realidade, intencionavam exigir indenizações pelos escravos libertos, não obtendo nenhum aval do Império.

Desta forma, surgiram os movimentos republicanos, que foram engrossados com a participação dos mesmos senhores que eram antigos detentores da "mercadoria escrava" e que, descontentes com as atitudes do Império, acabaram por defender um novo sistema de governo, decorrendo daí um dos principais motivos da derrocada final do Império. Por outro lado, a mão de obra proveniente das novas correntes imigratórias passa a ser empregada.
Os negros, por um lado libertos, não possuíam instrução educacional ou a especialização profissional que passa a ser exigida, decorrendo destes aspectos a permanência dos negros à margem da sociedade frente à falta de oportunidades a eles oferecidas.

A liberdade dada aos negros anteriormente escravizados é relativa: embora não mais escravizados, nenhuma estrutura que garantisse a ascensão social ou a cidadania dos negros foi oferecida.
Fonte: urs.bira.nom.br
Abolição da Escravatura no Brasil


Extinção do trabalho escravo
O trabalho escravo existiu no Brasil desde os inícios da colonização, no séc. XVI, até o fim do séc. XIX. O processo que levou à abolição da escravatura no Brasil foi lento, prolongando-se por todo o séc. XIX. Iniciou-se com a proibição do tráfico negreiro em 1850 e foi-se implantando através das leis do Ventre Livre e dos Sexagenários, também conhecidas como as leis da gargalhada nacional. Culminou com a Lei Áurea de 13 de maio de 1888, que extinguiu a escravidão no Brasil.

Pressões Inglesas
Nas primeiras décadas do séc. XIX, a Inglaterra iniciou uma campanha internacional para acabar com os escravos nos países colonizados. Os produtos industriais ingleses precisavam de mercados em todo o mundo. A expansão do capitalismo e do trabalho assalariado exigia o fim do escravismo e o conseqüente aumento dos mercados. Em tratados assinados em 1810 com a Inglaterra, Portugal comprometeu-se a abolir o tráfico de negros da África para o Brasil. Mas isso não chegou a ser feito. Em 1830, a fim de obter o reconhecimento da independência brasileira pela Inglaterra, o governo de Dom Pedro I assumiu novo compromisso nesse sentido. Em 1831, o governo da Regência Trina decretou uma lei declarando livres os negros desembarcados no Brasil a partir daquela data.
Entretanto, a lei nunca foi cumprida. O governo, ocupado em reprimir várias rebeliões regionais, não dispunha de forças militares, sobretudo navais, para combater o tráfico. A lei ficou sendo, como se dizia na época, uma lei "para inglês ver". A Inglaterra passou a apresar os navios negreiros que vinham para o Brasil. Ou simplesmente os afundava ou prendia a tripulação submetendo-a a julgamento. Isso só serviu para intensificar o tráfico, pois, com o aumento dos riscos, o preço dos escravos subiu e a atividade ficou mais lucrativa. A prosperidade da lavoura do café no vale do rio Paraíba do Sul também contribuiu para aumentar o tráfico. Em 1845, os ingleses promulgaram uma lei contra o tráfico negreiro, conhecida como Bill Aberdeen, e aumentaram a fiscalização. No entanto, entre 1846 e 1850, chegavam anualmente cerca de 50 mil escravos ao Brasil.

Extinção do Tráfico Negreiro. Por volta de 1850, os grandes proprietários de lavouras decadentes de açúcar e algodão no nordeste passaram a se interessar pela extinção do tráfico. Dessa forma, poderiam vender para os fazendeiros de café do sudeste os excedentes de escravos de que dispunham. Foi essa situação que permitiu a aprovação na Câmara, em 4 de setembro de 1850, da lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico negreiro para o Brasil. A primeira conseqüência foi a intensificação da venda de escravos do nordeste para Minas, Rio e São Paulo. Boa parte do tráfico, porém, prosseguiu clandestinamente e foi preciso uma nova lei - a lei Nabuco de Araújo, de 1854 - para conter o contrabando de escravos da África, que só diminuiu por volta de 1860.

Início do Abolicionismo
Na década de 1860, as idéias abolicionistas começaram a ser discutidas abertamente. A escravidão era incompatível com o desenvolvimento do capitalismo e com a integração do Brasil ao mercado internacional. O Instituto dos Advogados manifestou-se contra a escravidão, afirmando que esta era ilegítima pelo direito natural. Destacaram-se nesta fase Tavares Bastos, que defendia na imprensa e no parlamento a idéia da abolição progressiva; Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, depois visconde de Jequitinhonha, autor de um projeto emancipacionista; e Perdigão Malheiro, presidente do Instituto dos Advogados, que publicou, em 1866, um livro de grande influência na época: A escravidão no Brasil: ensaio histórico-jurídico-social.

Posição do Imperador
Em 1866, Dom Pedro II assinou numerosas cartas de alforria para que os libertos pudessem alistar-se na Guerra do Paraguai. Em julho de 1866, recebeu uma mensagem da Junta Francesa de Emancipação assinada por personagens destacadas, pedindo-lhe que pusesse fim à escravidão. Mandou o ministro dos Estrangeiros responder que a abolição da escravatura, "conseqüência necessária da abolição do tráfico, era uma questão de forma e oportunidade". Por influência do imperador, Pimenta Bueno, depois marquês de São Vicente, elaborou em 1866 cinco projetos diferentes para a emancipação dos escravos. Mas a Guerra do Paraguai e a resistência dos grandes proprietários de terras e escravos arrastaram a discussão por alguns anos. Os projetos de Pimenta Bueno iriam resultar na lei do Ventre Livre, em 1871.

A Lei do Ventre Livre, também chamada lei visconde do Rio Branco e lei dos Nascituros (aqueles que vão nascer), representa a primeira etapa da estratégia do governo para resolver a questão da escravatura: realizar gradualmente a emancipação dos escravos, indenizando os proprietários. O projeto da lei foi elaborado, com base nos projetos de Pimenta Bueno, pelos conselheiros José Nabuco de Araújo, Francisco de Sales Torres Homem (visconde de Inhomirim) e Bernardo de Sousa Franco.
Seu conteúdo era o seguinte: os filhos das mulheres escravas que nascessem a partir daquela data não seriam mais escravos. Deviam permanecer até oito anos em poder do proprietário da mãe, na companhia dela. Depois desse prazo, poderiam ser libertados, mediante o pagamento de uma indenização do governo ao proprietário da mãe. Caso o proprietário preferisse, podia utilizar o trabalho dos "libertos" até que estes completassem 21 anos, como retribuição das despesas tidas com sua criação. Neste ponto a lei não alterou muito a situação, pois era pequeno o índice de nascimentos entre os escravos.
Outra medida determinada por essa lei era a libertação dos escravos da Coroa e os das heranças e espólios sem herdeiros. Apesar de não contrariar fundamentalmente os interesses dos fazendeiros, a lei do Ventre Livre custou a José Maria da Silva Paranhos, visconde do Rio Branco, chefe do ministério da época, nada menos de 41 discursos na Câmara e no Senado, no ano de 1871. Foi aprovada em 28 de setembro desse ano e promulgada pela princesa Isabel, herdeira do trono, que ocupava a regência durante uma viagem do imperador ao estrangeiro.

Campanha Abolicionista
A partir de 1878, o movimento abolicionista começou a se articular em torno da denúncia das insuficiências da lei do Ventre Livre. O progresso da lavoura do café no oeste de São Paulo em bases capitalistas - os trabalhadores agrícolas eram parceiros ou assalariados, não mais escravos - dava fortes argumentos econômicos contra a escravidão. Em 1880, em São Paulo, o número de trabalhadores rurais livres (principalmente imigrantes) era superior ao de escravos.
Alguns intelectuais descendentes de escravos - José do Patrocínio, Luís Gama e André Rebouças - lideraram na imprensa a luta pela abolição.
Em 1879, Joaquim Nabuco foi eleito deputado e reabriu a questão da abolição na Câmara. Seu livro O abolicionismo, publicado em 1883, reúne as principais idéias e argumentos contra a escravidão. Fundada em 1880, a Sociedade Brasileira contra a Escravidão promoveu conferências, artigos em jornais e desenvolveu outras formas de propaganda. O movimento conseguiu vitórias parciais, localizadas. Em 1884, ocorreram abolições espontâneas em várias províncias do Brasil, como a do Ceará e a do Amazonas. No Ceará, os jangadeiros se recusaram coletivamente a continuar trazendo escravos do nordeste para o sudeste.

Lei Saraiva-Cotejipe
O governo reagiu dando mais um tímido passo no processo de emancipação. Em 28 de setembro de 1885, foi aprovada a lei Saraiva-Cotejipe ou dos Sexagenários.
A discussão dessa lei tinha provocado a queda do gabinete chefiado por Manuel Pinto de Sousa Dantas, que havia proposto o projeto inicial ao parlamento. Após discussões e reformulações durante os governos do liberal José Antônio Saraiva e do conservador José Antônio Wanderley, barão de Cotejipe, a lei foi aprovada. Declarava livres os escravos de mais de 65 anos, mediante indenização paga pelo governo. A vida média do escravo era baixíssima.
Poucos chegavam aos 60 anos. Quando chegavam, seu rendimento na lavoura já era mínimo. O proprietário só tinha a lucrar recebendo indenização por um escravo imprestável que, uma vez livre, ele não era mais obrigado a alimentar.

Cresce o Abolicionismo
A lei dos Sexagenários não paralisou a campanha abolicionista. Rui Barbosa, no parlamento, fazia discursos tão brilhantes quanto os de Joaquim Nabuco em favor da abolição. Os versos abolicionistas de Castro Alves comoviam vastos setores da população. Muitos senhores libertavam seus escravos. Multiplicavam-se os clubes abolicionistas.
Estudantes e intelectuais promoviam fugas de escravos. Incitado pelos discursos de Joaquim Nabuco, o exército recusava-se a perseguir os escravos fugidos.
Sem os militares, a repressão era precária e as fugas aumentavam. Em 1887, a Igreja Católica manifestou-se, pela primeira vez no Brasil, a favor da abolição.
O Partido Liberal era favorável à abolição desde 1884. O Partido Conservador só aderiu à idéia em 1888, por influência de João Alfredo Correia de Oliveira e Antônio da Silva Prado que, em 1887, numa reunião de fazendeiros paulistas, defendeu a alforria geral num prazo de três anos. Só os "barões" do café do vale do Paraíba do Sul, já em franca decadência, estavam contra a abolição.
Lei Áurea
Abolição da Escravatura no Brasil
Sua Alteza Dona Isabel sancionou em nome de seu augusto pai a lei que acaba com a escravidão, prática das mais cruéis que foi permitida no Brasil por mais de 300 anos.
Em março de 1888, a princesa Isabel encontrava-se de novo na regência do trono. Substituiu o ministério do barão de Cotejipe pelo do conselheiro João Alfredo, que era conservador mas favorável ao fim da escravidão.
Na sessão de abertura das câmaras, em 7 de maio, a princesa sugeriu a abolição imediata da escravatura. No ato, o ministério apresentou um projeto de lei composto de um artigo único propondo a extinção imediata e incondicional do trabalho escravo, sem indenização ou qualquer compensação aos proprietários.
A proposta foi aprovada, com apenas nove votos contrários na Câmara dos Deputados, oito dos quais de representantes da província do Rio de Janeiro, entre eles o barão de Cotejipe e Paulino José Soares de Sousa.
Sancionada em 13 de maio pela princesa Isabel, a lei 3.353 ficou conhecida como Lei Áurea. Essa lei colocou os setores oligárquicos em oposição à monarquia, apoiando a proclamação da república.
Os setores populares tinham críticas quanto à Lei Áurea porque, embora tenha sido concedida a liberdade aos escravos, não haviam sido criadas condições para sua integração à sociedade.
Os escravos ficavam, dessa forma, condenados à marginalidade.
Fonte: www.adrianavacanti.eti.br